Ao pensar a estratégia de comunicação junto com clientes e agências, a produtora audiovisual Viralata vai muito além de rodar filmes publicitários, corporativos ou para o cinema e a TV
Foi-se o tempo que uma produtora de vídeo queria receber briefing e roteiro prontos para executar. O mercado mudou, porque as plataformas, os objetivos e os clientes se transformaram. E, consequentemente, as produtoras mais inovadoras passaram a oferecer soluções criativas que transcendem a produção audiovisual.
A carioca Viralata, que existe desde 2010, é assim. Tem um jeito mais integrado de trabalhar com agências e clientes. “A história de você simplesmente produzir não existe mais. Há um esforço conjunto para se chegar a conceitos criativos”, explica Gabriel Correa e Castro, fundador da empresa sediada em uma casa no bairro da Tijuca.
Na prática, a produtora é chamada para participar desde o desenvolvimento estratégico, principalmente, pelos grandes clientes. “A gente quer entrar na discussão, conversar com a agência, entender o porquê estão fazendo isso e sugerir também”, diz o empresário, que comenta que o resultado desse novo formato tem sido muito bom, já que ficam bem alinhados com o propósito central da empresa. “Como convidados para a formatação estratégica, podemos entender os reais desafios. A proximidade é muito maior, funcionamos quase como um departamento interno. E criamos de forma mais rápida e com respostas mais eficientes.”
Para atuar dessa maneira, a produtora formou um núcleo criativo, multidisciplinar, que trabalha “sem coleira”, em um ambiente descontraído e no qual experimentações e ideias são sempre incentivadas. No total, a Viralata tem 27 profissionais – e um mascote, o Euclides, um vira-lata, claro. “Trazemos redatores que são roteiristas, designers que trabalham com animação, para poder entregar isso. Estamos cada vez mais criativos não apenas na linguagem, mas na equipe”, comenta o sócio e diretor criativo Vinicius Monteiro. Junto com Rafael Machado, diretor de cena e também sócio, eles formam um duo criativo dentro da Viralata chamado Cachorro Preto.
Com esses personagens que normalmente não estão dentro de uma produtora, como diretor de criação, diretor de arte e redator, a Viralata tem a oportunidade de não só receber demandas, mas perceber necessidades dos clientes e oferecer conteúdo de forma proativa, como fez para a Ternium, gigante da siderurgia mundial, por exemplo. “Estamos desenvolvendo uma série de ações que envolvem produção de vídeo alinhada ao planejamento de comunicação internacional e à estratégia de marketing deles”, diz Monteiro. “Mais importante do que entregar um filme, para a gente, é resolver o problema do cliente. É nosso mantra. O filme é uma parte do processo”, completa Correa e Castro.
Publicidade e cinema
O time de atendimento é comandado pela sócia Daniele Frangelli, que mantém alguns clientes de longa data, como Unimed Rio e Rede Globo, na casa há mais de cinco anos, algo não muito comum para produtoras, que costumam trabalhar por projetos. Esta forma de atender também proporciona a relação com clientes de peso como: W/McCann, FSB, NBS, Binder, Kindle, Petrobras, Vale, Spoleto, Dominos, Koni, FIRJAN, Rock in Rio, Total Energy, OLX, Coca-Cola, Ibmec, Neoenergia, entre outros.
Hoje são cerca de 25 entregas por mês. “Há três anos, eram 100 projetos no ano. Agora são 300. Aumentamos mais de 50% as vendas em relação em 2017”, comenta Frangelli. Elisa Petry, responsável pela diretoria de produção, é quem dá o rítmo da eficiência na casa. Ela completa o quadro de sócios. Com exceção de Monteiro, eram todos funcionários, convidados pelo fundador para entrar na sociedade.
Um case recente no portfólio da Viralata foi a Campanha da Poliomielite e Sarampo, feita em parceria com agência Fields 360, para o Ministério da Saúde. “Foi um trabalho feito em um prazo curto e com alta expectativa, por conta do forte cunho social, presença da Xuxa e inserção em 3D”, conta Correa e Castro.
A publicidade e o conteúdo corporativo formam a matriz da produtora, mas, em um celeiro onde tanto se fomenta a criatividade, também saem projetos de cinema e TV. Essa área paralela da empresa, comandada por Correa e Castro, lançou no Festival do Rio, este ano, o documentário “Palace II – 3 Quartos com Vista para o Mar”, sobre o edifício que caiu na Barra da Tijuca há 20 anos.
Outro documentário, “Blitz, o Filme”, conta a história da banda liderada por Evandro Mesquita. Já “Enjoying Rio” é uma série de TV em sete episódios, que mostra turistas estrangeiros em lugares do Rio de Janeiro que não aparecem nos guias de viagem. Exibida pelo Canal Sony, a série foi licenciada para 84 territórios.
Mesmo com talentos e conteúdos tão cariocas, a Viralata não se limita à cidade-natal. O Rio é, de fato, um polo da produção de cinema e televisão, mas os sócios acreditam que o audiovisual não tem fronteiras, já que possuem grandes clientes multinacionais e já filmaram para a Nova York Fashion Week, por exemplo. “A gente tem possibilidade de servir um mercado muito maior, o Brasil inteiro e também fora do país”, afirma Correa e Castro. “Somos cariocas no jeito de atender e produzir, mas somos cariocas para o mundo.”